Era janeiro. Quase próximo do dia de aniversário da cidade de São Paulo. Sim, meus caros, foi lá que tudo aconteceu. Um motivo a mais para eu chamar carinhosamente a capital paulista de “meu jardim”. Saí, euforicamente, de Porto Alegre em um voo no meio da manhã de um sábado de sol.
O clima também era belo em São Paulo quando desembarquei em Congonhas. Ainda que talvez todo aquele sol fosse apenas uma miragem ante meus olhos, pois a paixão também tem o privilégio de transformar uma tempestade em um belo dia de sol.
Comecei aquela tarde tendo um bom almoço com um velho amigo paulista em um shopping que recém havia sido inaugurado. Ali falamos de projetos e sonhos. Ele, encarecidamente, me felicitava pelo tesouro encontrado no interior paulista, afinal, a possível futura namorada era natural de uma cidade da região metropolitana de São Paulo.
Parti para o hotel aonde cheguei por volta do meio da tarde. Escolhi, claro, acomodações luxuosas nos Jardins, lugar só um pouco distante do Itaim Bibi, bairro onde marcamos nosso encontro. Tudo estava planejado. De repente recebo um torpedo: “Coração, liga para mim”. Retornei a ligação, claro. Ela me cobrava por não ter telefonado logo que tinha desembarcado em São Paulo. Tudo bem, eu era iniciante ainda (risos). Combinamos de eu pegá-la na Estação Masp do Metrô, ali em plena Avenida Paulista, por volta das 19h30.
Escolhi logo uma roupa social para ir vê-la. Depois, pensando com meus botões, atinei que era melhor ser menos social. Mas tudo bem. Talvez isso tenha ajudado a demorar tanto para chegar nos “finalmentes”. Fiquei cerca de dez minutos a esperando na Estação. Como já havíamos nos visto na webcam ficou mais fácil reconhecê-la. Estava vestida com uma calça jeans e uma blusinha branca. Ou seja, inacreditavelmente linda (para vocês verem como sou simples até com as roupas das namoradas. Sou capaz de detestar um vestido e amar uma calça jeans).
Nos apresentamos, nos beijamos (no rosto apenas) e seguimos falando de nossas qualidades (sim,esperar o quê mais dois taurinos?) até o primeiro táxi que encontramos. O motorista era nordestino e praticamente nos fez rodar por meia cidade até chegarmos ao “In Vino Amici”, nosso destino. Graças à demora em encontrar a rua, tive tempo de conseguir arrancar um selinho.
Ali começamos uma boa conversa acompanhada de um clássico espumante brasileiro produzido na Serra Gaúcha. Eu, como não deveria deixar de ser, não parava de contemplar os lindos olhos da amada. E não é que ela era mais tímida do que eu? Mas, aos poucos, fomos nos soltando. Eu praticamente contei toda minha vida para ela. Ela, do mesmo modo, deu detalhes da sua vida corrida. Ah, esqueci de mencionar: ela também era morena e advogada – assim como a minha “número 1” atualmente.
Seguimos conversando, mas desta vez acompanhado de um ótimo vinho branco argentino escolhido a dedo na carta onde constavam mais de 450 rótulos de variadas vinícolas. Ela, que adora cerveja, caiu nas graças do champagne. Mas era dura na queda. Pediu que eu falasse de algum defeito dela. Somente falei do nariz (que ela mesmo declara que não gostava). De novo perdi pontos. Mas respondi, desta vez seriamente, que não encontrava defeitos nela – afinal, o amor se encarrega de encobri-los.
Nem notamos quando o ambiente onde estávamos se encontrava vazio. Já passava das duas da madrugada e nosso encontro já durava pelo menos seis horas. Até aquele momento, além do selinho no táxi, ela apenas me deixou beijar suas lindas mãos cujas unhas eram pintadas com um vermelho claro, apesar de ela adorar a mesma cor em tons mais escuros.
Educadamente nos pediram para deixar o estabelecimento. Lá fora chovia. Eu a devia ter levado no colo, mas, comedido, lancei fora a ideia. Andamos alguns metros até encontrarmos o primeiro táxi. Dali parti para levá-la até seu destino: a casa de amigas que moravam no centro da cidade próximo à Estação da Luz.
Ela, sempre envergonhada, também não parava de mirar meus olhos mesmo sem querer. Até que dei um beijo apaixonado em sua bochecha esquerda. Um beijo marcante. Nesta altura já nos encontrávamos perto da Avenida Paulista, o centro econômico do país. Então fui agraciado com um puxão no meu rosto que fez com que nossas bocas se encontrassem. Ali o mundo parou. O coração bateu mais forte. Foi assim que deixei de ser boca virgem, o popular BV. Mas como taurinos são intensos nos beijamos demoradamente mais duas vezes. E se tivéssemos mais tempo, e se ela fosse menos envergonhada, ficaríamos horas praticando o melhor dos atos que resume a paixão entre um homem e uma mulher.
A deixei na porta de casa onde nos despedimos com um beijo de boa noite – uma forma comum que havíamos nos acostumado a fazer sempre nos bate-papos de MSN. Retornei aos Jardins naquela noite como se estivesse no paraíso. A capital paulista me havia brindado com o melhor dos presentes. No coração econômico do país perdi minha virgindade. Nada mais coerente com alguém que tem tanto amor para dar assim como eu. Realmente, a primeira vez a gente nunca esquece. E, em tempos modernos, ainda podemos compartilhar com todo mundo neste universo virtual.
Nenhum comentário:
Postar um comentário