Bem escreveu um dos mais lidos cronistas do Rio Grande do Sul que nossos antigos amores se parecem com pneus avariados. Para curar um amor antigo nada melhor do que um novíssimo em folha, claro. Mas o problema é o que se fazer com o amor que não vingou. Ou seja, é como um pneu furado mesmo.
Usando desta figura de linguagem posso afirmar que meu coração é tal qual uma borracharia. Não, não pensem naqueles locais sujos e pequenininhos como aquelas da beira de estrada. Ah, e que teimam em pendurar nas paredes garotas mal-vestidas, quase semi-nuas ou até mesmo como vieram ao mundo. Nem mesmo pense em uma borracharia estilo “Premium”, limpinha, organizada e sem nenhum vestígio de ode ao corpo feminino. É que meu coração é como se fosse um galpão.
É que ali jazem muitos pneus. Todos avariados. De vez em quando o visito e tento recauchutar um deles. Por estas e por outras, é fácil que um amor de um passado não muito distante volte. Há pneus de todos os tipos ali para fazer jus ao que escrevi ontem mesmo que mulheres são únicas – cada uma com seu estilo e beleza próprios.
Deixo tantos amores ainda acomodados pela simples razão de não ter coragem de queimá-los – ainda que com alguns eu já tenha feito isso. Somente mesmo um grande amor para fazer com que eu dê cabo da minha oficina. Pois não há outro modo: enquanto aguardo o futuro que terei ao lado da mulher da minha vida, ainda vejo no passado uma forma de aprimorar meus sentimentos. Terá espaço suficiente na minha borracharia?
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