Por colaborador anônimo
Começo a entender porque Woody Allen largou Nova York de mão. Enquanto um casal de amigos aproveita o frio polonortiano que faz na big apple origin, resolvi aventurar uma investida na congênere portoalegrense. Já havia ido lá, mas com olhos imaculados. Ou seja, naquele tempo, personagens machadianos passavam longe de mim. Não passam mais. O yellowcab estacionado em frente ao bar-pub-balada indica um lugar descolado, moderninho e com gente super in. Ledo engano. Foi só dar meu nome ao enfatiotado da entrada, pegar a consumação e correr pro abraço. Mentira. Exagerei. Rebobine, por favor. Pare no “pegar a consumação”. Esquece o “correr pro abraço” – a menos que o cidadão esteja muito mal intencionado. Nesse caso, basta tomar uma a mais e se deixe levar pelo clima de... NY! Atenção, beato, pudico, coroinha e bom-samaritano: estamos falando da antítese de uma atitude #pracasar, no sentido gracianístico da coisa. Acreditaria se me dissessem que Travis Bickle (Taxi Driver) veio a Porto Alegre, estacionou seu táquis numa ruazinha simpática do Moinhos de Vento, pegou a consumação e rompeu as portas do saloon dando tiro para tudo quanto é lado. Pa! Pum! O que mais tem são De Niros enrustidos. Estamos diante da digníssima versão “O Bairrista” do clássico de Scorsese. O detalhe é que não precisa ser artista pra matar alguém dali. Basta fazer-se de verbo transitivo direto: ser, estar, permanecer, ficar. Pronto! Tá pelada a coruja. Mas o sucesso da operação tem suas ressalvas, claro. A primeira: por mais que o lugar seja bacana, as pessoas não parecem ser tão descoladas assim. Não duvido que, se o dono lupanário encarnasse Calígula, rolaria uma festa do cabide, criando assim um digno concorrente ao monopólio do Padre Roque. A boite ficaria infinitamente melhor vazia, só com a decoração, as bebidis e comidis. Tá, exagero meu. O ideal seria promover um bochincho particular. Aí se veta a gentalha. Gentalha – e não genitália. Essas não podem faltar. Nem nos ambientes puritanos ela é esquecida. Enfim, a investida de uma terça-feira qualquer permite que se faça uma análise antropológica de um ecossistema de pessoas humanas - com o perdão da redundância - riquíssimo. Na mesma selva habitam: a) cinquentões de bronzeado artificial, camiseta apertada e correntão de prata; b) louras-petecas-gostosas-cabeças-vazias (com o perdão da redundância); c) tiazonas, daquelas recém-divorciadas ou eternas-solteironas, preparadas para fuzilar os púberos – que, ao melhor estilo Loverboy, se deixam seduzir por um botox bem aplicado. Definitivamente, não é um lugar onde se encontra gente de posse. Nem monetária, nem intelectual. Evidente que, vez ou outra alguém cai de paraquedas nessa engronha. E, se não estiver com um profundo mau-humor ou vazio existencial, até é bom se deixar levar pelo ronronar de vozes pseudoaveludadas. O ambiente engana, e engana bem. Tem tudo para ser legal. Só falta ser.
Começo a entender porque Woody Allen largou Nova York de mão. Enquanto um casal de amigos aproveita o frio polonortiano que faz na big apple origin, resolvi aventurar uma investida na congênere portoalegrense. Já havia ido lá, mas com olhos imaculados. Ou seja, naquele tempo, personagens machadianos passavam longe de mim. Não passam mais. O yellowcab estacionado em frente ao bar-pub-balada indica um lugar descolado, moderninho e com gente super in. Ledo engano. Foi só dar meu nome ao enfatiotado da entrada, pegar a consumação e correr pro abraço. Mentira. Exagerei. Rebobine, por favor. Pare no “pegar a consumação”. Esquece o “correr pro abraço” – a menos que o cidadão esteja muito mal intencionado. Nesse caso, basta tomar uma a mais e se deixe levar pelo clima de... NY! Atenção, beato, pudico, coroinha e bom-samaritano: estamos falando da antítese de uma atitude #pracasar, no sentido gracianístico da coisa. Acreditaria se me dissessem que Travis Bickle (Taxi Driver) veio a Porto Alegre, estacionou seu táquis numa ruazinha simpática do Moinhos de Vento, pegou a consumação e rompeu as portas do saloon dando tiro para tudo quanto é lado. Pa! Pum! O que mais tem são De Niros enrustidos. Estamos diante da digníssima versão “O Bairrista” do clássico de Scorsese. O detalhe é que não precisa ser artista pra matar alguém dali. Basta fazer-se de verbo transitivo direto: ser, estar, permanecer, ficar. Pronto! Tá pelada a coruja. Mas o sucesso da operação tem suas ressalvas, claro. A primeira: por mais que o lugar seja bacana, as pessoas não parecem ser tão descoladas assim. Não duvido que, se o dono lupanário encarnasse Calígula, rolaria uma festa do cabide, criando assim um digno concorrente ao monopólio do Padre Roque. A boite ficaria infinitamente melhor vazia, só com a decoração, as bebidis e comidis. Tá, exagero meu. O ideal seria promover um bochincho particular. Aí se veta a gentalha. Gentalha – e não genitália. Essas não podem faltar. Nem nos ambientes puritanos ela é esquecida. Enfim, a investida de uma terça-feira qualquer permite que se faça uma análise antropológica de um ecossistema de pessoas humanas - com o perdão da redundância - riquíssimo. Na mesma selva habitam: a) cinquentões de bronzeado artificial, camiseta apertada e correntão de prata; b) louras-petecas-gostosas-cabeças-vazias (com o perdão da redundância); c) tiazonas, daquelas recém-divorciadas ou eternas-solteironas, preparadas para fuzilar os púberos – que, ao melhor estilo Loverboy, se deixam seduzir por um botox bem aplicado. Definitivamente, não é um lugar onde se encontra gente de posse. Nem monetária, nem intelectual. Evidente que, vez ou outra alguém cai de paraquedas nessa engronha. E, se não estiver com um profundo mau-humor ou vazio existencial, até é bom se deixar levar pelo ronronar de vozes pseudoaveludadas. O ambiente engana, e engana bem. Tem tudo para ser legal. Só falta ser.
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